Seis séculos de muita arte
1853-1932 Portugal
No início do século XX, Artur Loureiro, a viver na Austrália desde 1883, regressa definitivamente ao Porto. As paisagens do Gerês, a vista de serras, a sua topografia sequencial, refletem-se no formato horizontal das pinturas. O contraste atmosférico entre céu e terra, aqui nitidamente acentuado na configuração diagonal que os separa e na linha de nevoeiro que simultaneamente os funde, o contraste entre os diversos planos, as múltiplas gradações de azuis cinzentos do horizonte longínquo, as tonalidades verdes, castanhas e amarelas do campo, a luz que se adivinha por trás de algumas nuvens, as gradações cromáticas que se diluem umas nas outras, são reveladores do seu talento como colorista.
Artur José de Sousa Loureiro faz a sua formação na Academia Portuense de Belas-Artes. Como bolseiro viaja para Roma e Paris. Em França pratica a pintura ao ar livre seguindo influências de Corot e da Escola de Barbizon. Entre 1880 e 1882 expõe no Salon de Paris e simultaneamente em Lisboa, na Sociedade Promotora. Em 1883 instala-se na Austrália, onde ficará duas décadas. Dá aulas de desenho, integra a Australian Art Association (mais tarde Victorian Artist’s Society), faz parte de diversos júris e assume o cargo de inspetor na Galeria Nacional da cidade de Vitória. As suas obras, que abrangem retrato, narrativa, e paisagem, são muito solicitadas por uma elite de colecionadores. Nesta altura a sua pintura é influenciada pela Arte Nova e pelos pré-rafaelitas.
Apesar de acompanhar os movimentos de vanguarda internacionais, nas suas pinturas de paisagem manteve-se fiel ao gosto naturalista.